quarta-feira, 25 de novembro de 2009

ALERGIAS E A IMUNOTERAPIA



Uso da imunoterapia para tratar problemas de pele

Muitos já ouviram falar sobre a revolucionária descoberta da Penicilina por Fleming em 1927, mas poucos sabem que ele foi o primeiro observador da resistência natural dos microorgamismos aos antibióticos. O aumento do fenômeno da resistência reside no fato da existência de genes bacterianos que agem impedindo a ação das drogas. Sem duvida, o uso clínico de forma indiscriminada dos antimicrobianos, exerce papel selecionador de microrganismos mais resistentes.  

Para exemplificar, uma das bactérias isoladas com grande incidência nas doenças de pele dos animais, o Staphylococcus aureus, encontrada nas feridas, mostram atualmente resistência a antibióticos muito conhecidos e utilizados, como a Penicilina G, Ampicilina, Cepalexina e Amoxilina.

Os animais tratados, utilizando-se de vários tipos de antibióticos, e que não apresentam cura, perderam a capacidade de defesa imunológica, tornando-se pacientes crônicos. Apresentam sintomas variados como: emagrecimento, prostração, tremores, febre, dor, inchaço nas patas, fístulas ente os dedos que sangram , ulcerações e pústulas (bolhas de pus) com odor fétido, disseminação de feridas pelo corpo, queda de pêlo e descamação da pele .

Como resultado, torna-se impossível a convivência do animal com as pessoas, devido ao odor e secreções. O animal passa a ser segregado, a qualidade de vida é totalmente comprometida, passando por um longo e penoso sofrimento físico e psicológico. A escolha da eutanásia é questionada por parte do Médico-Veterinário e do proprietário do animal, quando todas as tentativas de tratamento fracassam.


Quando tudo que foi tentado não deu resultado, a esperança de cura passa a ser a escolha do tratamento imunoterápico.Tendo como finalidade estimular as defesas do organismo, aumentando os glóbulos brancos (leucócitos) e estimulando a produção de anticorpos, as imunoglobulinas. Podemos escolher vacinas formuladas com várias cepas de bactérias (pool bacteriano padronizado e Parvak), ou optar pela vacinas individuais (bacteria, fungos ou vírus isolados do animal doente).

Para a produção da vacina personalizada, é necessário coletar uma amostra de pele e secreções de lesões, com a finalidade de isolar bactérias, fungos ou virus. Após uma série de processos laboratoriais que permitem obter um produto biológico livre de contaminação e totalmente seguro, é adicionado o imunoestimulante Parvak (Propionibacterium parvum).

A Imunoterapia é um tratamento médico em que extratos de alérgenos altamente purificados aos quais seu animal é sensível são injetados em concentrações crescentes no organismo. Os tratamentos por imunoterapia são formulados individualmente para cada paciente baseado nos resultados dos testes para diagnóstico da alergia. Esta é a maneira mais segura de se controlar os sinais clínicos da alergia. Cada Kit de vacinas de imunoterapia vem com 3 frascos contendo cada um concentrações diferentes, suficientes para tratar o paciente por um período de aproximadamente 9 meses. Devido a várias alterações no sistema imunológico, mais de 70 % dos pacientes se tornam menos sensíveis àqueles alérgenos, diminuindo progressivamente os sintomas causados pelas doenças alérgicas. Esta é a maneira mais segura de se controlar os sinais clínicos das alergias.

No geral, as aplicações são feitas semanalmente por um período mínimo de quatro meses. Dependendo da resposta de cada paciente, as próximas aplicações passam a ser quinzenais por mais oito meses. Para o tratamento de manutenção, o paciente recebe a vacina mensalmente por um período indefinido. Como podemos observar, para colhermos os frutos deste tratamento é necessário muito tempo.

O tratamento imunológico pode ser comparado com o desempenho de um atleta, sendo que cada exercício corresponde a uma dose de vacina. Esse tipo de tratamento, na maioria dos animais, apresenta grandes resultados observados a longo prazo, embora alguns demonstrem consideráveis melhoras já nas primeiras semanas de tratamento.

Você e seu Médico Veterinário irão decidir qual é a melhor maneira de se administrar este tratamento, na sua própria residência ou na Clínica Veterinária. Todas as instruções sobre as dosagens, intervalos entre aplicações e reações colaterais estão incluídas no estojo que acompanha as vacinas. As agulhas utilizadas nas aplicações são muito menores do que aquelas utilizadas nas vacinações anuais. Você irá precisar de seringas descartáveis de 1,0 ml(seringas de insulina). As injeções de imunoterapia são em pequenas doses, aplicadas pela via subcutânea (embaixo da pele). Estas aplicações não costumam doer, e os animais de uma maneira geral não reclamam. Mantenha sempre as vacinas sob refrigeração ( não congelar). 

Utilize sempre uma nova seringa para cada aplicação.
A melhor hora para aplicar as injeções de imunoterapia é quando você vai ficar em casa por pelo menos uma hora após a aplicação. Também não é aconselhável que seu animal tenha feito exercícios fortes ou se alimentado antes da aplicação.

Um aumento da coceira durante o inicio da imunoterapia é freqüente. Alguns animais também apresentam um aumento da coceira imediatamente após a mudança para um novo frasco de maior concentração.







Dúvidas


É muito frequente encontrarmos animais alérgicos?
Sim. Da mesma forma que os humanos, os cães e gatos são frequentemente acometidos de doencas alérgicas. Estima-se que entre 25 a 30% de todos os cães sofrem de alguma doença alérgica. As doenças alérgicas nos cães são a causa mais frequente de consultas nas clínicas veterinárias das grandes cidades. 

Quais são as alergias mais comuns nos animais?
Em um país de clima tropical como o nosso, os alérgenos mais importantes são os fungos e bolores, seguidos de inalantes encontrados dentro das casas tais como: lã, algodão, juta/sisal, fumaça de tabaco, carpete e gramas das mais variadas. Em algumas regiões do Brasil, tais como o interior do estado de São Paulo e na região Sul do país, o alérgeno mais importantes é o pólem das árvores. Os alimentos são responsáveis por aproximadamente 10% dos casos de alergias.  

Como saber o que está causando alergia no animal?
Descobrir as causas da alergia nos cães e gatos é muito fácil. Já existe no Brasil um teste que é feito com uma pequena amostra de sangue. Este teste verifica se o animal e alérgico para um painel de 90 substâncias. Nós já realizamos mais de 3.600 testes no Brasil desde o ano de 1992. 

Se meu animal é alergico e ele cruzar, os filhotes serão alérgicos também?
As alergias tem um forte componente genético e ambiental. Nem sempre filhotes de pais alérgicos vão desenvolver alergias, mas a probabilidade existe e é bem elevada, embora o fator ambiental tambem seja responsável pelo desenvolvimento das alergias. É muito frequente encontrarmos proprietários de cães alérgicos também serem alérgicos. Isto tem uma relação direta onde o animal e o proprietário vivem.



A alergia tem cura?
Não! As alergias não têm cura. Elas podem ser controladas através de vacinas específicas, também conhecidas como IMUNOTERAPIA, que consiste em injetar no animal, de maneira gradativa, concentrações crescentes das substâncias às quais o animal é sensivel. Pode ser feito também o controle das doenças de pele que normalmente estão associadas às alergias. 

É verdade que o animal alérgico que se coça o tempo todo pode vir a ter infecção de pele?
Sim, infecções de pele são os sintomas mais frequentemente encontrados nos animais alérgicos. Os animais, quando se coçam com as patas ou com a boca, abrem pequenas fissuras na pele, por onde entram bactérias. Estas bactérias se reproduzem nas camadas internas da pele, causando lesões, algumas delas bastante graves. 

A grande maioria dos animais alérgicos é tratada com cortisona. Esse tratamento é eficaz?
Primeiramente, a utilização de cortisonas não se constitui em um tratamento, mas somente um paliativo para evitar os sintomas das alergias. Existem vários tipos de cortisonas ou corticosteróides. As cortisonas de curta duração, aquelas que são eliminadas do organismo em um curto período de tempo, podem ser utilizadas por períodos curtos para diminuir a coçeira. As cortisonas de longa duração, também chamadas de cortisonas de depósito (aquelas injeções de coloração branca aplicadas a cada 15 ou 30 dias de intervalo), não devem jamais ser utilizadas. Apesar de muitos profissionais no Brasil se utilizarem com muita frequência deste tipo de cortisona, não existe no mundo nenhuma indicação técnica para a utilização deste tipo de cortisonas para tratamento das alergias dos cães.
Quando se opta por um tratamento à base de cortisonas, o profissional deve alertar os proprietários dos riscos para a saúde do animal que estes produtos apresentam. 

Como podemos tratar as alergias sem o uso da cortisona?
Existem várias alternativas para o tratamento das alergias dos cães e gatos sem a utilização das cortisonas. A principal delas é a imunoterapia, que consiste na aplicação de concentrações dos alérgenos sensíveis por um período de tempo que pode variar de nove meses até toda a vida do animal. As vacinas de alergia consistem em 3 frascos ampola contendo concentrações crescentes de alérgenos (substâncias que causam as alergias). Com a imunoterapia, o animal vai se tornando cada vez menos sensível aos alérgenos. Obviamente, a imunoterapia não deve ser o tratamento único, pois na grande maioria dos casos as alergias vem acompanhadas de várias doencas de pele, que precisam ser diagnosticadas e tratadas de acordo.  Existem inúmeras doenças que podem ser confundidas com alergias. 

Em quanto tempo podemos observar uma melhora no animal tratado com vacinas?
Aproximadamente 5 meses após o início do tratamento. Isto pode variar de paciente para paciente. Alguns animais começam a manifestar melhora no quadro após um mês, e outros podem demorar até 9 meses para começarem a melhorar. 

Ele terá que tomar vacinas a vida toda?
Para a grande maioria dos pacientes a resposta é SIM! As alergias são disfunções imunológicas que devem ser acompanhadas durante toda a vida do animal. 





 

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