segunda-feira, 30 de novembro de 2009

MEDICINA PSICOSSOMÁTICA EM ANIMAIS



A palavra psicossomática, na visão dos profissionais de saúde que compreendem o ser humano de forma integral, não pode ser compreendida como um adjetivo para alguns tipos de sintomas, pois tanto a medicina quanto a psicologia estão percebendo que não existe separação entre mente, corpo, alma e espírito que transitam nos contextos sociais, familiares, profissionais e relacionais. Então, psicossomática é uma palavra substantiva que pode ser empregada para qualquer tipo de sintoma, seja ele físico, emocional, psíquico, espiritual, profissional, relacional, comportamental, social ou familiar.
Por isso, na visão junguiana ou da psicologia integral, todo sintoma é psicossomático e pode ser um meio para que o processo do autoconhecimento possa acontecer e, por isso mesmo, Hipócrates, o pai da medicina, no seu aforismo já citava: "Homem, conheça-te a si mesmo, para poder conhecer os deuses e reconhecer o Deus que habita em ti". Então, qualquer sintoma ou queixa pode ser entendido como uma manifestação psicossomática, além de ser uma janela de oportunidade para o autoconhecimento!
O termo também pode ser compreendido, tal como descreve Mello Filho[1], como "uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, a prática de uma medicina integral". Passou por séculos de elaboração até ser definida pela primeira vez por Heinroth (psicossomática, 1918 e somatopsíquica, 1928). A Psicossomática evoluiu das investigações psicanalíticas que contribuem para o campo com informações acerca da origem inconsciente das doenças, a vantagem que o indivíduo obtém, mesmo que indiretamente, quando adoece, etc. Em seguida dos estudos behavioristas com homens e animais. Atualmente a psicossomática tem se desenvolvido segundo uma ótica multidisciplinar promovendo a interação de vários profissionais de saúde, dentre eles, médicos, fisioterapeutas e psicólogos.
Literalmente e redutivamente, alguns profissionais de saúde ainda fazem a distinção entre as doenças psicossomáticas e outras de fatores genéticos, acidentais, ambientais ou orgânicos e, neste caso limitam as manifestações psicossomáticas exclusivamente nas alterações com causas de origem psicológicas. Aceitando que a mente, por não conseguir resolver ou conviver com um determinado conflito emocional, passa a produzir mecanismos de defesa com o propósito de deslocar a dificuldade e/ou "ameaça" psíquica para o corpo. Com isso, acaba drenando, na forma de doença e seus respectivos sintomas, o afeto doloroso. Neste sentido, entre várias doenças aceitas como psicossomáticas podemos citar:
  1. Artrite
  2. Câncer e todos os tipos de doenças auto-imunes
  3. Manchas no corpo
  4. Gastrite
  5. Úlcera
  6. Asma
  7. Praticamente todos os transtornos de pele
  8. Alergias variadas
  9. Rinites
  10. Impotência sexual
  11. Muitas disfunções oftálmicas
  12. Hipertensão arterial
  13. Fibromialgia
Porém, o surgimento dos sintomas depende e varia de três fatores interdependentes:
  • Qualidade de vida, incluindo hábitos alimentares, atividades físicas, sedentarismo, etc.
  • Herança genética, que pode deixar os indivíduos mais predispostos para desenvolverem alguns tipos de doenças.
  • Fatores psicoafetivos de acordo com o manejo das emoções, dos traumas e dos sentimentos de abandono, rejeição, inclusão, culpa, etc.
REFERÊNCIAS:
  1. MELLO FILHO, Júlio (coordenador); Psicossomática hoje; Porto Alegre; Artes Médicas, 1992.



O que leva o animal a adoecer?

A Medicina Psicossomática é uma forma de entendermos porque as pessoas e os animais adoecem, e os motivos que fazem cada um ter um tipo de doença diferente do outro. São estudadas as influências que o ambiente e a personalidade exercem no processo de adoecimento. 

Como exemplo, temos as causas de um grande número de papagaios morrerem de pneumonia: as gaiolas, normalmente, são deixadas em correntezas de ar, esses animais são confinados em lugares pequenos, impedidos de uma movimentação adequada para uma ave, ferindo o seu princípio de liberdade.

Por último, são privados do aconchego dado por companheiros da mesma espécie, já que os papagaios vivem em bandos. Desta forma, eles adoecem no pulmão, órgão que faz o contato do indivíduo com o mundo, através da respiração. É o único modo de mostrarem a sua infelicidade. Não adianta medicar somente a parte física, o animal tem que ser feliz para não adoecer.


Todas as terapias complementares abordam a questão da importância do aspecto emocional de seus pacientes, como fator que causa desequilíbrio e origina as doenças, compreendendo o ser vivo como um ser holístico, onde aspectos energéticos, emocionais, recebem a mesma importância interligada aos fisiológicos. Inclusive a Homeopatia que é uma área da medicina.
Seja no reiki, por exemplo, a energia que emana do ser vivo é também alterada pelo aspecto "sentimento" do paciente. Idem na acupuntura, onde os "invisíveis " meridianos são alterados de sua harmonia, ou mesmo na cromoterapia, nos florais, musicoterapia, dentre tantas outras.

Recentemente, a WSPA Brasil lançou um documentário que foi transmitido na TV Cultura, comprovando que os animais sentem dor, medo, prazer, alegria e estresse - além de terem memória e até saudade. Ou seja, são capazes de somatizar suas emoções assim como nós!

A senciência e o bem estar animal, tem ganhado recente relevância no panorama internacional, inclusive influenciando hábitos de consumo e o comportamento da sociedade, que procuram seguir padrões internacionais de bem-estar e até lançam mão de sistemas produtivos alternativos, e esta comprovação se aplica a todos os animais vertebrados: mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes.

A compreensão da psicossomática e suas interações com o ambiente externo, teve sua evolução através de Sigmund Freud, que, perplexo ao se deparar com o problema do relacionamento entre os fatos da vida psíquica e os da vida orgânica, passou a estudar a histeria, referindo-se aos sintomas físicos da histeria como “aquele misterioso salto da mente para o corpo”, onde uma doença de causa essencialmente psíquica dá lugar a várias expressões corporais. 

 
Durante os estudos, Freud identifica várias semelhanças entre a estrutura cerebral humana e a de répteis, o que o remete ao então estudo de Charles Darwin sobre a evolução das espécies e à discussão da "superioridade" dos seres humanos sobre outras espécies.
Numa fase intermediária ou behaviorista caracterizada pelo estímulo à pesquisa em animais e homens, buscou-se, em relação à psicossomática, enquadrar os achados à luz das Ciências Exatas, tendo se desenvolvido os estudos sobre o estresse.

Embora seus princípios estejam contidos na doutrina médica desde os tempos hipocráticos, só recentemente, com a contribuição de Engel sobre a teoria geral dos sistemas, trazendo o modelo biopsicossocial ao conceito mais recente de saúde da OMS como “equilíbrio biopsicossocial”, a psicossomática assume sua identidade como abordagem investigativa da indissociabilidade mente-corpo ou psicossoma no processo saúde/doença e como prática que demanda a interação multidisciplinar por ter como objeto de investigação o ser senciente e suas complexas interações, demandando vários vértices de observação, como são os conhecimentos multidisciplinares.


Como a psicossomática ocorre nos animais?
 
As informações externas produzem também emoção. Com isso,ocorre um maior número de ligações sinápticas e alterações nos gens, ou seja, nas experiências de vida compartilhada, já que os animais vivem numa relação com o homem, suas emoções, amor e ódio produzem energia interna, alterando por vez o número de conexões sinápticas por neurônio, a produção de proteínas especificas, conforme o tipo de emoção, e conseqüentemente significativas respostas às influências dos fatores ambientais.

A base de liberação hormonal, depois destas influências, está situada no cérebro, então, as questões cerebrais interferem diretamente na secreção de hormônios, ou seja, o estresse e a ansiedade influem nos níveis dos hormônios, ainda que estes sejam sintetizados em glândulas fora do cérebro.
 
Em ratos, por exemplo, como demonstraram GREENOUGH, BLACK e WALLACE (6), observou-se que, aqueles criados em ambientes sociais, equivalente ao genuíno psíquico do processo psicanalítico, comparados com ratos criados em isolamento, equivalente no homem ao processo psicoterápico do mundo consciente, produzem número infinitamente maior de sinapses por neurônio.


Perto de 51 trabalhos em laboratórios com macacos rhesus, ratos, caracóis marinhos, lagostins, etc. de diferentes autores permitiram a evidencia de correlações entre meio ambiente, mente, cérebro e gens enriquecendo inclusive o entendimento psicopatológico das doenças do processo humano.


YEH (15) e colaboradores identificaram um neurônio em um lagostim e suas respostas a serotonina. O efeito da serotonina no neurônio muda de acordo com a condição social do animal. Dois lagostins juntos, um se toma dominante. No dominante serotonina estimulou o reflexo da cauda em vez de suprimi-Ia. 
Do lagostim para o homem a distancia é grande, mas explorando a experiência, os autores especulam que uma pessoa dominante em relação à outra pode estimular a atividade da serotonina com efeitos no cérebro.


Experiências turbulentas e frustrantes por exemplo, acarretam sensibilidade maior e persistente no eixo hipotálamo -pituitário -supra-renal. 


SUOMI (12) em seu laboratório lidando com colônia de macacos, há cerca de 10 anos, apresentou em Simpósio da Fundação Ciba dados significativos com esses animais, em escala social mais elevada. Lidando com macacos considerados "supermães" e jovens macacos ou macacos-bebês, quando separados de suas protetoras, revelaram alterações de conduta, aumento de cortisol e ACTH, parecendo ter também vulnerabilidade genética. Reaproximando as macacas-mães com os macacos-bebês essas vulnerabilidades, muito mais ligadas à ansiedade de separação, do que alguma expressão genética, desapareceram.  

Por outro lado, adestrando macacos-terapeutas eles não se mostravam mais adequados que as macacas-mães.

Estudos de úlceras em macacos mostraram que, aparentemente, tensão emocional provoca úlceras se seu período coincide com algum ritmo natural do sistema gastro-intestinal, na sua fase de bloqueio. 

O experimento realizado colocava dois macacos em "cadeiras restritivas" individuais e tentava-se condicioná-los a evitar um choque elétrico pressionando uma alavanca. Somente o macaco "executivo" poderia evitar que ele e o outro macaco "controle" não recebessem choque elétrico. 


O macaco "controle" diante de uma alavanca falsa não apresentou nenhum sinal de úlcera, já o macaco "executivo" depois de certo tempo de experimento morreu, a autópsia revelou grandes úlceras no duodeno. Este macaco era o único que estava sob tensão emocional diante da alavanca que poderia evitar os choques elétricos. O ritmo mais eficiente para produzir úlcera foi o de 6 horas. Para finalizar devemos ressaltar que foi encontrada também uma bactéria, Helicobater pilori, que é também uma das causas de perfuração ulcerante.

Trocando em miúdos, os animais psicossomatizam e criam doenças. Estas alterações fisiológicas podem inclusive potencializar o efeito de outros medicamentos, anulá-los ou criar outros mais. No caso de animais principalmente internados,sendo o stress grande, se não considerarmos estas variantes psicossomáticas, não estaremos integralmente tratando o todo, ou seja, a causa, simplesmente a doença, que após tratada sem considerar estas questões tão importantes quanto, pode tornar a apresentar-se em outro órgão ou potencializada.
Polêmico, relutado, mas real!


AÇÃO DUPLA E INVERSA DAS DROGAS, segundo a Homeopatia
 
Segundo Dra. Fernanda Valvassoura, médica veterinária, cada vez os remédios receitados são mais “fortes”, e mesmo assim as doenças continuam aparecendo. Alguns profissionais, dão o que chamamos de “tiros de canhão para matar formiguinhas”, utilizando 3, 4, 5 remédios diferentes, cada um cobrindo um sintoma específico, pois ninguém admite erros, e se o animal não melhorar logo ele perde seu cliente. Porém, tratar somente os sintomas cria uma legião de doentes crônicos, consumidores vorazes de medicamentos.

No Organon de Hahenmann, obra fundamental da doutrina homeopática, parágrafo 59, a ação dupla e inversa das drogas de ação oposta é descrita, apoiada em experimentos científicos. Ele constatou que os remédios paliativos administrados provocam duas fases distintas e sucessivas de sintomas:

1ª. Efeito primário (do medicamento): é a ação esperada da droga. Ex : ação analgésica, ou anti-térmica, etc.

2ª Efeito secundário (do organismo): é uma reação contrária, oposta ao efeito primário da droga, devido à busca do organismo pelo equilíbrio, pela homeostase. Dessa forma quando a droga for eliminada do organismo, o paciente voltará a sentir os mesmos sintomas, porém 3 vezes mais fortes, e 3 vezes mais duradouros, pois o organismo produziu efeitos depressores contra a ação primária da droga.

Os medicamentos homeopáticos indicados para os desarranjos orgânicos, agem de maneira diferente dos alopáticos. A diferença está no caminho que o organismo utiliza para chegar até a eliminação dos sintomas, que nesse caso não são suprimidos, diferente do que ocorre no método alopático de tratamento.

O que o remédio homeopático faz é o tratamento pela semelhança sintomática, levando a extinção do desarranjo mórbido através do estímulo à força vital do indivíduo, até alcançar o equilíbio. Ele converte o que chamamos de “doença” ( devido à perturbação da força vital) em saúde, através de outra perturbação da força vital, obrigando o organismo a reagir, ao invés de suprimir sua reação.


A psicossomática e a complexidade dos Florais
 
Segundo a médica veterinária Dra. Eunice Santos Martini Parodi,"Os cães são mais suscetíveis a desenvolver problemas relacionados ao emocional porque funcionam como uma esponja. Em geral, pessoas carentes os adoram; costumam dizer que eles escutam e entendem seus problemas. Eles não só ficam com cara de sofredor, mas realmente sofrem a dor do dono".  

Segundo ela, é comum o animal "compartilhar" uma doença com o dono, por isso não basta tratar apenas o bichinho. "Vejo muito pessoas doentes trazendo animais doentes na minha clínica. Eles querem ajudar o dono e, por tabela, acabam ficando mal e adoecendo também", afirma Eunice.  

Ela conta o caso de uma cadela com grave infecção uterina, normalmente solucionada por meio de intervenção cirúrgica. Em acordo com a dona, decidiram tentar os florais, relegando a cirurgia apenas como último recurso. "Acredito que, se retirasse o útero, simplesmente trocaria o problema de lugar. É preciso solucionar a causa, senão surge outro problema em algum lugar do organismo", explica ela. Depois de muita conversa, descobriu que a dona atravessava um momento profissional difícil. Então medicou o animal pelo sintoma da dona. Resultado: o processo infeccioso reverteu totalmente.


Segundo Eunice, esse foi o primeiro caso de lesão grave que tratou com floral. Mesmo com o resultado positivo, ela prefere utilizar a terapia nos estágios iniciais.
Karin Herzig exemplifica com a história de um filhote, adquirido quando a dona estava de férias e dispunha de todo tempo para ele. Quando ela voltou ao trabalho, o animal desenvolveu uma diarréia, pela dificuldade em lidar com a solidão. Após uma semana de uso dos florais, os problemas foram solucionados. 

Mas, quando o distúrbio tem origem emocional, ambos apresentam os mesmos sintomas. Os mais comuns são diarréia, dermatites, cistite, estresse, medo, ciúmes, depressão, perda de pêlo e de apetite, agressividade ou apatia


Em geral, são provocados pela perda de alguém da família, mudança de ambiente, ausência dos donos, nascimento de criança ou animal novo na casa. 


Já a veterinária Sandra Padovani, de Santo André (SP) alerta que apenas um profissional qualificado pode fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento adequado. 

Ela relata o caso de um cliente que decidiu dar para a cadela o mesmo floral que ele usava, pois acreditava que a apatia do animal era causada pela depressão. 


Depois de uma semana, levou à clínica e descobriu que a cadela estava quase morrendo.(6)


Este exemplo da veterinária Sandra, inclusive serve de alerta àquelas clínicas que vendem florais genéricos, sem necessidade de prescrição, em frascos bonitos e tentadores, e que  conseqüentemente, ou causam outros efeitos no animal, ou levam a falsa informação de que não funcionam, já que para cada caso há necessidade de um composto específico de essências combinadas.


 
Conclusões

Como vimos, desde há muito tempo atrás  se comprova cientificamente  que os animais, assim como nós humanos, possuem a capacidade de absorver as emoções e alterar toda sua estrutura biológica.

A Medicina Psicossomática é uma forma de entendermos porque as pessoas e os animais adoecem, e os motivos que fazem cada um ter um tipo de doença diferente do outro. São estudadas as influências que o ambiente e a personalidade exercem no processo de adoecimento(7).

As terapias complementares, compreendem a questão de sua influência, e devem ser praticadas por profissionais especializados, haja vista a extensão de tudo o que envolve. 


Muitas delas requerem  que também se entenda a questão humana inserida, como vimos por exemplo no caso citado dos florais Ou seja, não basta se aperfeiçoar em florais para animais,é necessário o conhecimento deles para humanos, já que os dois devem ser tratados concomitantemente, daí a eficácia do tratamento do animal, por exemplo, sendo que cada um necessita de conhecimento específico.
 
Porém, independente da especialização que um médico veterinário possa optar, uma vez que a quantidade de cursos que se dispõe no mercado é grande e atrativa, mas nem sempre bem explorada, didática e profunda por tudo o que envolve, se faz necessário compreender principalmente como se dá este processo da psicossomatização, também para compreender o que inconscientemente transmitimos a todos que nos cercam, apesar da nossa consciência.

Um exemplo bem simples: Você pode estar realizando um procedimento padrão, mas inconscientemente tem dúvidas, está receoso... O animal, por "vias indiretas" vai captar estas informações, alterar suas reações e interferir no resultado...Isto é só uma ilustração, mas o processo se estende à tantas coisas e tantas relações, nem sempre só causando doenças, mas contradizendo nossas atitudes indiretamente e sempre, interferindo nos resultados...

Sendo assim, nada mais ilustrativo do que assistirmos ao filme cujo tema  aborda, sob uma versão bem didática o enfoque das emoções e suas afecções nos organismos.

Na próxima página, este filme que gerou muita polêmica na época, cujo tema se torna extremamente necessário para a compreensão da importância das emoções, seja animais ou humanas, e que ainda atualmente norteia contribuições para as ramificações da medicina holística.

Nos próximos artigos irei discorrer mais detalhadamente sobre cada doença e seus aspectos psicossomáticos.


"Conhece-te a ti mesmo. Há 2 mil anos estas palavras foram gravadas no templo de Delfos. São o início da sabedoria. Nelas está a esperança da vitória sobre o mais antigo dos inimigos do Homem: a Vaidade. Este conhecimento agora está ao seu alcance. Vamos usá-lo?"


Obs: A homeopatia se utiliza de doses infinitesimais de medicamentos altamente dinamizadas, para atuar com profundidade nos mais diversos desajustes orgânicos. 

O principio de atuação dos medicamentos e' realmente muito interessante. Quanto maior a dinamização, menor e' o numero de moléculas da substância que compõe uma dose do medicamento (a partir da 12a dinamização ha MENOS QUE UMA MOLÉCULA POR DOSE), e mais profunda é a ação do remédio.


Evidentemente, a ação do medicamento homeopático é totalmente inversa daquela dos remédios alopáticos.


Devemos lembrar que a ministração de um remédio homeopático requer (como o Hahnemann não se cansou de alertar) um preparo muito bom do médico para perceber o conjunto de sintomas que propicia o correto diagnóstico do problema e a escolha exata do remédio apropriado. 


Algumas pessoas, no entanto, irão dizer que chegaram a tentar a homeopatia mas que nenhum resultado foi obtido. Por outro lado, temos alguns médicos que, por uma razão ou outra, acabam se aventurando pelos campos da homeopatia, sendo que muitos deles, no entanto, não entendem integralmente os mecanismos sutis de atuação da homeopatia e seus objetivos maiores. Conseqüentemente, acabam deturpando-a em seus fundamentos básicos, ministrando remédios homeopáticos com a postura e procedimento típico de médicos alopatas.


Em uma consulta medica, envolvendo por exemplo um inicio de pneumonia, seja em animal ou humanos, o homeopata, alem de verificar o estado dos pulmões do paciente, irá também investigar durante a consulta sobre outros possíveis problemas existentes e sobre as diversas peculiaridades do sujeito quanto ao seu sono, sede, sentimentos, medos, etc. 


Somente apos ter obtido uma visão global do paciente realmente é que será prescrita a receita.


Bezerra de Menezes foi um medico homeopata e tornou-se um exemplo a ser seguido.


Um medico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se e´ longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. 

O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não e´ medico, e´ negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. 

Esse e´ um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única esportula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espirito, a única que jamais se perdera nos vais-e-vens da vida.
Bezerra de Menezes


domingo, 29 de novembro de 2009

MEDICINA ORTOMECULAR EM GATOS



O termo ortomolecular é uma palavra composta, cujo um dos componentes possui etmologia grega (ortho=justo), e significa presença em proporções adequadas das moléculas que são convenientes ao organismo. Linus Pauling, pr6emio Nobel de Química (1954) e da Paz (1963), definiu-a da seguinte forma: “Medicina ortomolecular é conservar a saúde ótima e tratar as enfermidades variando as concentrações das substâncias que normalmente estão presentes no organismo e são necessárias para uma boa saúde”.


Como meta, a medicina ortomolecular visa compreender as inter-relações que ocorrem em nível bioquímico do organismo animal para poder atuar em conformidade com esses próprios mecanismos, harmonizando de maneira global o bioquimismo  de células, órgãos e sistema. A medicina ortomolecular é um ramo nascente das ciências médicas e na medicina veterinária, especificamente. Tem como objetivo básico manter em equilíbrio as moléculas que formam parte do organismo animal.


Atualmente, já é soberana de seus objetivos de estudo. Não constitui meramente uma via terapêutica alternativa, mas pode-se dizer que ela assume um perfil de maturidade inegável, uma vez que está assentada nas sólidas bases de inúmeras disciplinas no campo das biociências, tais como a farmacologia, endocrinologia, nutrologia, bioquímica etc.

Essa nova medicina tem uma finalidade grandemente preventiva, e se baseia principalmente na orientação alimentar e na complementação de nutrientes, tais como as vitaminas, os minerais, os aminoácidos e outros elementos que carecemos. A Medicina Ortomolecular, como passou a ser conhecida essa forma de tratamento, preocupa-se também com a eliminação dos chamados radicais livres, ou seja, as substâncias presentes no organismo que são responsáveis por numerosas doenças e pelo processo de envelhecimento. 

Reordenação bioquímica 

O reequilíbrio metabólico é feito por meio da correção dos mecanismos moleculares fisiológicos, suprindo o organismo animal com os elementos adequados para essa reordenação bioquímica. Em tal contexto assumem especial destaque as vitaminas, aminoácidos e sais minerais. Esse enfoque terapêutico está hoje sedimentado numa conceitualização bastante ampla, trazendo contribuições formidáveis para a prevenção e tratamento das patologias originadas pelos radicais livres. Os radicais livres constituem um fenômeno que ocorre utilizando oxigênio como fonte principal para a sua formação, resultando espécies intermediárias instáveis do oxigênio, chamados radicais livres do oxigênio ou oxirradicais.
 
Os radicais livres apresentam desvantagens enormes quando sua produção supera a capacidade antioxidante natural do organismo e, nessa condição de adversidade, podem condicionar situações degenerativas crônicas para os tecidos corporais. O caráter ortomolecular de uma substância empregada na terapêutica é dado pela sua participação normal em quaisquer compartimentos do organismo animal. Nesse aspecto, todas as vitaminas, os minerais, aminoácidos, etc – quando empregados no tratamento de várias patologias – são considerados fármacos ortomoleculares, pois são substâncias participantes obrigatórias da constituição da matéria viva.
 
As de cunho genético compreendem distúrbios recessivos autossômicos em que a patogenia por radicais livres dá-se pelo comprometimento que existe nos mecanismos de proteção antioxidante, comumente sistemas enzimáticos ou de transporte. No caso da hemocromatose, em sua forma idiopática (de origem genética), há um acúmulo excessivo de ferro nos tecidos, caracterizado clinicamente por pigmentação cutânea, diabetes melittus, hepatomegalia com cirrose e até insuficiência cardíaca.
 
As de cunho genético-ambientais, que incluem câncer, doenças cardiovasculares e outras condições, originam-se de um somatório de eventos facilitadores da ação dos radicais livres. Tem-se assim a superposição do fator genético, que condiciona uma frágil defesa antioxidante, ao fator ambiental, por exposição aumentada aos nóxios geradores de radicais livres (poluição atmosférica, tipo de dieta, contaminantes, infecção, estresse).
 
No último grupo, cabe aos fatores ambientais a maior participação na geração dos radicais livres, sejam eles correlacionados a fontes exógenas (radiação UV, poluição, excesso de ferro e/ou cobre na dieta) ou endógenas, tais como produção de catecolaminas (nas condições de estresse), dos eicosanóides (no processo inflamatório) e a ativação da enzima xantina-oxidase (no processo de isquemia-reperfusão). Nos processos infecciosos, há, igualmente, grande produção de radicais livres pelos fagócitos. Este mecanismo é, no entanto, de utilidade para o organismo, pois aí se tem um processo até certo ponto dirigido especificamente à lise de microorganismos. Uma maior produção de radicais livres pode ocorrer igualmente em situações de tratamento médico (iatrogênese). O exercício físico constitui-se numa condição grandemente favorecedora da geração de radicais livres do oxigênio.


Fosforilaçao oxidativa 

Para entendermos melhor a formação de radicais livres teremos que rever o processo da cadeia respiratória que ocorre nas mitocôndrias, numa seqüência enzimática (desidrogenase > flavoproteína > citocromo b > citocromo c > citocromo oxidase), na qual existe uma hierarquia de eletronegatividade: cada componente subseqüente é um oxidante mais forte que o anterior e o oxigênio aparece no final da seqüência, na última etapa, pois é ele o oxidante mais forte. Desse modo o elétron "caminha" pela seqüência com acoplamento a síntese de ATP. Isto é, a energia liberada pelo elétron é armazenada na ligação pirofosfato terminal do adenosina- trifosfato(ATP).

Esse é um processo contínuo de oxirredução (a chamada fosforilaçao oxidativa), que tem como aceptor final de elétrons o oxigênio. A união deste com os elétrons provindos da cadeia respiratória, mais os prótons do hidrogênio (que permanecem em solução), origina a água metabólica. Essa é a função do oxigênio no processo respiratório: atuar como oxidante final, dando continuidade ao fluxo de elétrons pela cadeia respiratória.

Contudo, nem sempre essa rota de oxigênio – da absorção até a oxidação final dos hidrogênios na cadeia respiratória – é fielmente seguida. Em variadas condições, o oxigênio toma sua índole oxidativa de modo intempestivo, promovendo oxidações nefastas às estruturas celulares. Há, nesse caso, formação das chamadas espécies intermediárias do oxigênio ou radicais livres, que são extremamente reativas.

Ao final daquela seqüência de oxirreduções, o oxigênio é reduzido pela citocromo oxidase, um complexo formado pelos citocromos a e a3, além do cobre. Este último componente enzimático da cadeia respiratória constitui-se efetivamente no mais importante redutor do organismo animal, pois ele promove a redução do O2 dando origem a água metabólica (redução tetravalente), numa única etapa, sem a formação das espécies intermediárias.

Por esse mecanismo são metabolizados cerca de 95% do oxigênio que participam das reações intracelulares. Uma pequena parcela, aproximadamente 5%, passa porém por um processo de redução monoeletrônica, originando os muito reativos radicais livres (O2 OH). Enzimas como a superóxido-desmutase (SOD), a catalase e outras peroxidases são encarregadas de desativar prontamente tais espécies reativas.

O perigo potencial do oxigênio é, pois, uma condição eficazmente combatida por mecanismos bioquímicos específicos de que o organismo animal dispõe – se estes não tiveram, contudo, impedimentos a sua atividade. Essa toxidade do oxigênio, um elemento vital aos organismos aerobiontes, constitui, assim, o "paradoxo do oxigênio".

Sabe-se hoje que muitas dessas doenças poderiam ser evitadas com uma consciência médica voltada ao tratamento preventivo. Nesse caso, a terapia ortomolecular não só contribuiria dando substrato ao organismo para um aumento de suas defesas como também evitaria o envelhecimento precoce desencadeado pela elevação exagerada dos radicais livres.

Existem métodos de detecção que auxiliam o veterinário a comprovar os efeitos nocivos dos radicais livres, bem como a quantidade de minerais tóxicos que promovem a ação desses mesmos radicais. Um dos métodos é a análise mineralógica do pelo, que consiste em quantificar os minerais de uma amostra de pelo retirada dos animais. Outro método bastante simples é a análise por microscopia óptica de gota de sangue coagulada (HLB-teste), que observa destruição da matriz sanguínea extra-celular pelos radicais livres.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LACERDA, P. Manual Prático de Medicina Ortomolecular. Miami, USA, Ed. Andrei, 1994. 106 p.
OLSZEWER, Efrain. Tratado de Medicina Ortomolecular. São Paulo. Nova Linha Editorial. 1995.
SIGNORINI, J. L. & SIGNORINI, S. L. Atividade física e radicais livres: aspectos biológicos, químicos, fisiopatológicos e preventivos. São Paulo, Ed. Universidade de São Paulo – Ícone, 1993.

 


Engana-se quem pensa que envelhecer é "privilégio" (ou será prejuízo?) apenas de nós, seres humanos. Com o passar dos anos, animais também perdem o equilíbrio celular, e, consequentemente, o vigor físico.

Por essa razão, a medicina veterinária também aplica as técnicas da terapia ortomolecular. A prática busca proporcionar mais força aos animais esportistas, como cavalos, mas também pode visar a prevenção de doenças agudas e a cura de distúrbios pré-existentes em bichos de estimação.

"Precisamos promover uma sintonia fina no organismo do animal. Isso só se consegue com o equilíbrio das células." A explicação é do veterinário Ricardo Ávila, 32, que, além de atender os próprios clientes, também presta consultoria para o Quality Trainning Centre, onde são preparados quatro dos seis cavalos da equipe brasileira que participa do mundial de enduro equestre em agosto, na França.

Segundo ele, o tratamento dos animais é direcionado para o tipo de esporte que praticam. Cavalos, por exemplo, podem competir em provas de corrida, salto ou enduro. "O cavalo de corrida produz energia de rápido acesso. Por isso precisa de mais magnésio que o animal de enduro, que queima energia mais lentamente", explica.

A alimentação à base de vegetais pode proporcionar aos cavalos atletas uma elevação na quantidade de metais presentes no organismo. O veterinário Ricardo Ávila diz que o excesso de metais pesados, como chumbo, alumínio, cádmio e bário, pode prejudicar o trabalho muscular, afetar o sistema nervoso e dificultar o aprendizado dos cavalos.

A contaminação, contudo, não ocorre apenas por meio de alimentos. Se o níquel presente na liga metálica do freio estiver em excesso, e o freio estiver desgastado, esse excesso é absorvido oralmente pelo animal. Outro caso é a presença de alumínio na água, através dos canos ou das paredes do cocho.


Uma das principais preocupações entre atletas de qualquer modalidade está relacionada à acusação de doping (uso de drogas para melhorar o desempenho). O veterinário garante, porém, que o uso desses nutrientes não tem efeito de dopagem. "É absolutamente comprovado: vitaminas e sais minerais não têm esse efeito."


Animais "companheiros"

Mas os animais domésticos também sofrem os efeitos do envelhecimento celular. "Os animais de companhia estão cada vez mais domiciliados, comem muita ração industrializada. Essa ração tem grande concentração de farelos de vegetais, mas é deficiente em zinco no teor do ácido graxo ômega 3, componente do óleo vegetal", afirma Ricardo Ávila.

Segundo ele, a baixa concentração desse componente dos óleos vegetais pode provocar coceira, descamação e até queda de pêlos.

Outra função da terapia ortomolecular em animais "de companhia" é semelhante ao que mais atrai as pessoas nessa terapia alternativa: o combate ao envelhecimento precoce.

"Antes, os cães de raça viviam cerca de cinco anos. Hoje já é possível elevar a sobrevida deles até os dez anos, ou 15, no caso de vira-latas. E o interessante é que eles sobrevivem saudáveis", afirma o veterinário.

Nos animais domésticos, a contaminação também não surge apenas por alimentos. É possível ocorrer intoxicação por meio dos recipientes onde os bichinhos comem e bebem, pelo desinfetante usado na limpeza da casa e até por brinquedos que eles roem. "Mas quem tem um animal de companhia é porque tem amor a ele, e não vai economizar esforços e dinheiro na busca do melhor tratamento", garante. 


Veja abaixo a tabela de taxas normais de minerais tóxicos no organismo de animais


Metais
Quantidades (em partes por milhão)
Alumínio
89 ppm
Arsênico
1,7 ppm
Bário
2,4 ppm
Cádmio
0,96 ppm
Chumbo
2,75 ppm
Mercúrio
0,57 ppm
Níquel
1,5 ppm
Berílio
0,06 ppm
Fonte: Ricardo Ávila - veterinário



Nova abertura para a Medicina Veterinária

Não se surpreenda se o seu veterinário pedir para cortar uma amostra dos pêlos do seu animal. Ele estará iniciando a primeira etapa da análise dos minerais em seu organismo: o mineralograma, um exame indolor e que pode revelar com alta precisão o desequilíbrio de minerais e a presença de metais tóxicos, o que causa graves prejuízos à saúde e sensíveis modificações de comportamento. 


Por que os pêlos? 


A partir de uma mecha dos pêlos de seu animal, nós conseguimos saber o que está faltando e o que está sobrando em seu organismo em termos de química? Assim podemos evitar que eles tenham problemas cardíacos, reumatismos, distúrbios de comportamento e outras anomalias. Atualmente nós podemos prolongar a vida de nossos queridos animais de estimação fazendo um exame já conhecido em humanos e com ótimos resultados.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos fornece uma boa resposta a esta pergunta: "O leite, a urina, a saliva e o suor permitem dosar as substâncias ingeridas mas eliminadas. O sangue permite dosar as substâncias absorvidas e temporariamente em circulação antes de serem eliminadas ou depositadas em algum lugar do organismo. Os pêlos, as unhas e os dentes são os tecidos onde os minerais são retidos e/ou armazenados."
Esse mesmo estudo concluiu que os cabelos humanos podem ser efetivamente utilizados para o controle biológico dos metais pesados tóxicos, pesquisa da mais alta importância para a saúde. Os pêlos foram selecionados como um dos mais importantes materiais de controle biológico mundial pelo Sistema Global de Controle Ambiental das Nações Unidas. A amostra de pêlos será enviada para um laboratório de nível internacional, onde será analisada por um instrumento de alta precisão - o espectômetro de massa atômica - que pode detectar simultaneamente mais de 70 minerais.
O seu veterinário verá, pelo resultado desta análise, quais os minerais que estão diminuídos ou aumentados. Essas alterações podem estar contribuindo para sérios problemas cardíacos, reumatismo, distúrbios de comportamento e outras anomalias dos seus animais.
A aplicação da Medicina Ortomolecular à Veterinária estendeu esse benefício não só aos animais caseiros, como cães e gatos, mas também a animais de pastoreio como cavalos, bois, cabras, ovelhas, assim como porcos e galináceos, igualmente beneficiando animais selvagens ou silvestres em cativeiro, permitindo aquilatar em todos eles seus problemas de saúde, suas carências alimentares e o desequilíbrio do seu meio ambiente. 


quarta-feira, 25 de novembro de 2009

VIDEOLAPAROSCOPIA EM ANIMAIS



A videolaparoscopia é um método seguro para explorar a cavidade abdominal e realizar cirurgias. Essa técnica também pode ser utilizada em animais. Segundo Eros Luiz de Sousa, médico-veterinário e diretor do Hospital Veterinário Batel (HVB), em Curitiba, a cirurgia é similar a de humanos. “São realizadas pequenas incisões, com cortes de meio a um centímetro, para passar a câmara de vídeo e os outros equipamentos necessários para a cirurgia”. 

Tudo é controlado pelo médico através do vídeo. Eros explica que o monitoramento indireto, por vídeo, exige do médico uma noção da anatomia muito maior. Em vez de incisões grandes, feitas na cirurgia convencional, que demandam um maior cuidado nos curativos por parte dos donos dos animais, a videolaparoscopia propicia um tempo de recuperação menor, possibilitando que o animal retorne à sua vida normal em pouco tempo, diminuindo também o tempo de internação. “Cortes minúsculos, recuperação rápida e menos sofrida”, comenta Eros.

Uma das vantagens deste tipo de intervenção é o sangramento mínimo e o menor risco de infecções. “Minimamente invasiva, a videolaparoscopia reduz o tempo de internação e faz com que o paciente perca menos sangue. Insuflamos gás carbônico no abdômen. O órgão incha, como se fosse uma bexiga, criando espaço para os materiais cirúrgicos se movimentarem”, salienta Eros.  

Além da cirurgia de esterilização (castração), a videolaparoscopia permite realizar vários outros procedimentos, como inseminação cirúrgica, nefrotomia e nefrectomia (cirurgia nos rins), colecistectomia (retirada da vesícula), remoção de cálculos de bexiga, nódulos abdominais e hérnias, assim como a exploração diagnóstica. 

O custo desse tipo de cirurgia é um pouco superior se comparado às técnicas convencionais, mas é muito inferior ao valor de cirurgias humanas realizadas através de laparoscopia.


CÂMARA HIPERBÁRICA



A terapia hiperbárica é muito utilizada no tratamento de humanos e também pode ser aplicada em animais. Todos os tecidos de um organismo vivo precisam de oxigênio. Durante a respiração, o ar entra pelos pulmões e é transportado para as células através do sangue. Cientificamente, comprovou-se que quando o organismo é submetido a altas pressões, a taxa de oxigênio no sangue aumenta bastante.

O resultado disso é o aumento da oxigenação de células e tecidos, e vários efeitos benéficos ao organismo. Partindo desse conceito, na terapia hiperbárica o paciente é submetido a uma pressão muito superior à pressão atmosférica, dentro de um compartimento fechado e selado. 

Esse compartimento é pressurizado com oxigênio puro. O paciente respira oxigênio à 100%, saturando o sangue desse gás. 

Os efeitos dessa terapia são vários:

ação antibacteriana
ação anti-tóxica
diminuição de edemas (inchaços)
melhora na ação de muitos medicamentos, como antibióticos, etc..
melhora na cicatrização
maior eficiência de mecanismos do sistema de defesa do organismo


São indicadas para cães e gatos que apresentam infecções necrotizantes de tecidos moles, grandes feridas, incisões cirúrgicas traumáticas e deiscência de suturas, infecções sistêmicas, lesões refratárias (escaras de decúbito, úlceras de pele), osteomielites, envenenamento por monóxido de carbono, gangrena gasosa, isquemias agudas traumáticas, queimaduras térmicas, químicas ou elétricas, vasculites agudas por toxinas biológicas (aracnídios, ofídios, insetos) e anemias agudas nos casos de impossibilidade de transfusão sanguínea.


Durante as sessões, que duram cerca de uma hora e meia, os animais mais agitados recebem sedação leve. São feitas sessões diárias e o tratamento pode ser repetido semanalmente, se necessário, até a completa recuperação do paciente. O intuito do tratamento em câmaras hiperbáricas é auxiliar e acelerar o processo de cura, no entanto, cada organismo responde de maneira diferente e a velocidade de recuperação pode variar muito de um indivíduo para outro. 

Efeitos adversos são bastante difíceis de ocorrer nesse tipo de terapia, e estão diretamente ligados ao tempo de exposição e a pressão utilizadas. Assim, é preciso ter um profissional habilitado para avaliar o caso e administrar o tratamento.
 


ALERGIAS E A IMUNOTERAPIA



Uso da imunoterapia para tratar problemas de pele

Muitos já ouviram falar sobre a revolucionária descoberta da Penicilina por Fleming em 1927, mas poucos sabem que ele foi o primeiro observador da resistência natural dos microorgamismos aos antibióticos. O aumento do fenômeno da resistência reside no fato da existência de genes bacterianos que agem impedindo a ação das drogas. Sem duvida, o uso clínico de forma indiscriminada dos antimicrobianos, exerce papel selecionador de microrganismos mais resistentes.  

Para exemplificar, uma das bactérias isoladas com grande incidência nas doenças de pele dos animais, o Staphylococcus aureus, encontrada nas feridas, mostram atualmente resistência a antibióticos muito conhecidos e utilizados, como a Penicilina G, Ampicilina, Cepalexina e Amoxilina.

Os animais tratados, utilizando-se de vários tipos de antibióticos, e que não apresentam cura, perderam a capacidade de defesa imunológica, tornando-se pacientes crônicos. Apresentam sintomas variados como: emagrecimento, prostração, tremores, febre, dor, inchaço nas patas, fístulas ente os dedos que sangram , ulcerações e pústulas (bolhas de pus) com odor fétido, disseminação de feridas pelo corpo, queda de pêlo e descamação da pele .

Como resultado, torna-se impossível a convivência do animal com as pessoas, devido ao odor e secreções. O animal passa a ser segregado, a qualidade de vida é totalmente comprometida, passando por um longo e penoso sofrimento físico e psicológico. A escolha da eutanásia é questionada por parte do Médico-Veterinário e do proprietário do animal, quando todas as tentativas de tratamento fracassam.


Quando tudo que foi tentado não deu resultado, a esperança de cura passa a ser a escolha do tratamento imunoterápico.Tendo como finalidade estimular as defesas do organismo, aumentando os glóbulos brancos (leucócitos) e estimulando a produção de anticorpos, as imunoglobulinas. Podemos escolher vacinas formuladas com várias cepas de bactérias (pool bacteriano padronizado e Parvak), ou optar pela vacinas individuais (bacteria, fungos ou vírus isolados do animal doente).

Para a produção da vacina personalizada, é necessário coletar uma amostra de pele e secreções de lesões, com a finalidade de isolar bactérias, fungos ou virus. Após uma série de processos laboratoriais que permitem obter um produto biológico livre de contaminação e totalmente seguro, é adicionado o imunoestimulante Parvak (Propionibacterium parvum).

A Imunoterapia é um tratamento médico em que extratos de alérgenos altamente purificados aos quais seu animal é sensível são injetados em concentrações crescentes no organismo. Os tratamentos por imunoterapia são formulados individualmente para cada paciente baseado nos resultados dos testes para diagnóstico da alergia. Esta é a maneira mais segura de se controlar os sinais clínicos da alergia. Cada Kit de vacinas de imunoterapia vem com 3 frascos contendo cada um concentrações diferentes, suficientes para tratar o paciente por um período de aproximadamente 9 meses. Devido a várias alterações no sistema imunológico, mais de 70 % dos pacientes se tornam menos sensíveis àqueles alérgenos, diminuindo progressivamente os sintomas causados pelas doenças alérgicas. Esta é a maneira mais segura de se controlar os sinais clínicos das alergias.

No geral, as aplicações são feitas semanalmente por um período mínimo de quatro meses. Dependendo da resposta de cada paciente, as próximas aplicações passam a ser quinzenais por mais oito meses. Para o tratamento de manutenção, o paciente recebe a vacina mensalmente por um período indefinido. Como podemos observar, para colhermos os frutos deste tratamento é necessário muito tempo.

O tratamento imunológico pode ser comparado com o desempenho de um atleta, sendo que cada exercício corresponde a uma dose de vacina. Esse tipo de tratamento, na maioria dos animais, apresenta grandes resultados observados a longo prazo, embora alguns demonstrem consideráveis melhoras já nas primeiras semanas de tratamento.

Você e seu Médico Veterinário irão decidir qual é a melhor maneira de se administrar este tratamento, na sua própria residência ou na Clínica Veterinária. Todas as instruções sobre as dosagens, intervalos entre aplicações e reações colaterais estão incluídas no estojo que acompanha as vacinas. As agulhas utilizadas nas aplicações são muito menores do que aquelas utilizadas nas vacinações anuais. Você irá precisar de seringas descartáveis de 1,0 ml(seringas de insulina). As injeções de imunoterapia são em pequenas doses, aplicadas pela via subcutânea (embaixo da pele). Estas aplicações não costumam doer, e os animais de uma maneira geral não reclamam. Mantenha sempre as vacinas sob refrigeração ( não congelar). 

Utilize sempre uma nova seringa para cada aplicação.
A melhor hora para aplicar as injeções de imunoterapia é quando você vai ficar em casa por pelo menos uma hora após a aplicação. Também não é aconselhável que seu animal tenha feito exercícios fortes ou se alimentado antes da aplicação.

Um aumento da coceira durante o inicio da imunoterapia é freqüente. Alguns animais também apresentam um aumento da coceira imediatamente após a mudança para um novo frasco de maior concentração.







Dúvidas


É muito frequente encontrarmos animais alérgicos?
Sim. Da mesma forma que os humanos, os cães e gatos são frequentemente acometidos de doencas alérgicas. Estima-se que entre 25 a 30% de todos os cães sofrem de alguma doença alérgica. As doenças alérgicas nos cães são a causa mais frequente de consultas nas clínicas veterinárias das grandes cidades. 

Quais são as alergias mais comuns nos animais?
Em um país de clima tropical como o nosso, os alérgenos mais importantes são os fungos e bolores, seguidos de inalantes encontrados dentro das casas tais como: lã, algodão, juta/sisal, fumaça de tabaco, carpete e gramas das mais variadas. Em algumas regiões do Brasil, tais como o interior do estado de São Paulo e na região Sul do país, o alérgeno mais importantes é o pólem das árvores. Os alimentos são responsáveis por aproximadamente 10% dos casos de alergias.  

Como saber o que está causando alergia no animal?
Descobrir as causas da alergia nos cães e gatos é muito fácil. Já existe no Brasil um teste que é feito com uma pequena amostra de sangue. Este teste verifica se o animal e alérgico para um painel de 90 substâncias. Nós já realizamos mais de 3.600 testes no Brasil desde o ano de 1992. 

Se meu animal é alergico e ele cruzar, os filhotes serão alérgicos também?
As alergias tem um forte componente genético e ambiental. Nem sempre filhotes de pais alérgicos vão desenvolver alergias, mas a probabilidade existe e é bem elevada, embora o fator ambiental tambem seja responsável pelo desenvolvimento das alergias. É muito frequente encontrarmos proprietários de cães alérgicos também serem alérgicos. Isto tem uma relação direta onde o animal e o proprietário vivem.



A alergia tem cura?
Não! As alergias não têm cura. Elas podem ser controladas através de vacinas específicas, também conhecidas como IMUNOTERAPIA, que consiste em injetar no animal, de maneira gradativa, concentrações crescentes das substâncias às quais o animal é sensivel. Pode ser feito também o controle das doenças de pele que normalmente estão associadas às alergias. 

É verdade que o animal alérgico que se coça o tempo todo pode vir a ter infecção de pele?
Sim, infecções de pele são os sintomas mais frequentemente encontrados nos animais alérgicos. Os animais, quando se coçam com as patas ou com a boca, abrem pequenas fissuras na pele, por onde entram bactérias. Estas bactérias se reproduzem nas camadas internas da pele, causando lesões, algumas delas bastante graves. 

A grande maioria dos animais alérgicos é tratada com cortisona. Esse tratamento é eficaz?
Primeiramente, a utilização de cortisonas não se constitui em um tratamento, mas somente um paliativo para evitar os sintomas das alergias. Existem vários tipos de cortisonas ou corticosteróides. As cortisonas de curta duração, aquelas que são eliminadas do organismo em um curto período de tempo, podem ser utilizadas por períodos curtos para diminuir a coçeira. As cortisonas de longa duração, também chamadas de cortisonas de depósito (aquelas injeções de coloração branca aplicadas a cada 15 ou 30 dias de intervalo), não devem jamais ser utilizadas. Apesar de muitos profissionais no Brasil se utilizarem com muita frequência deste tipo de cortisona, não existe no mundo nenhuma indicação técnica para a utilização deste tipo de cortisonas para tratamento das alergias dos cães.
Quando se opta por um tratamento à base de cortisonas, o profissional deve alertar os proprietários dos riscos para a saúde do animal que estes produtos apresentam. 

Como podemos tratar as alergias sem o uso da cortisona?
Existem várias alternativas para o tratamento das alergias dos cães e gatos sem a utilização das cortisonas. A principal delas é a imunoterapia, que consiste na aplicação de concentrações dos alérgenos sensíveis por um período de tempo que pode variar de nove meses até toda a vida do animal. As vacinas de alergia consistem em 3 frascos ampola contendo concentrações crescentes de alérgenos (substâncias que causam as alergias). Com a imunoterapia, o animal vai se tornando cada vez menos sensível aos alérgenos. Obviamente, a imunoterapia não deve ser o tratamento único, pois na grande maioria dos casos as alergias vem acompanhadas de várias doencas de pele, que precisam ser diagnosticadas e tratadas de acordo.  Existem inúmeras doenças que podem ser confundidas com alergias. 

Em quanto tempo podemos observar uma melhora no animal tratado com vacinas?
Aproximadamente 5 meses após o início do tratamento. Isto pode variar de paciente para paciente. Alguns animais começam a manifestar melhora no quadro após um mês, e outros podem demorar até 9 meses para começarem a melhorar. 

Ele terá que tomar vacinas a vida toda?
Para a grande maioria dos pacientes a resposta é SIM! As alergias são disfunções imunológicas que devem ser acompanhadas durante toda a vida do animal.